domingo, 13 de março de 2011

A VERDADE DO CARTOON

      O cartoon é, hoje, um género autónomo, assumindo um espaço próprio no âmbito dos media.    
      Através da crítica irreverente, ao cartoonista é permitido dizer o que não se pode ou não se deve dizer noutros espaços da imprensa.

      O que se segue já não é recente. No entanto, a crítica continua a fazer sentido!...

Luis Afonso, in sábado, 11 de Novembro de 2005



Na unidade de formação 5, Cultura, Comunicação Media, foi pedido aos formandos que     comentassem a imagem, tendo em conta a crítica implicita.
Seguem-se algumas opiniões.



Notícias sensacionalistas, fotos sensacionalistas, depoimentos sensacionalistas, não com o intuito de informar, mas com o intuito sim, de vender! Polémica, polémica e polémica! Vender, vender e vender! Dinheiro, dinheiro e dinheiro! O bom jornalismo está fechado na gaveta e esqueceram-se das chaves lá dentro com certeza, porque não estou a ver esta situação melhorar. Nas notícias televisivas, o que interessa é as audiências. Nos jornais, é a primeira página sensacionalista para poder vender o maior número de jornais possíveis. E depois… onde fica a qualidade e a veracidade das notícias que lemos ou ouvimos? Onde fica o código deontológico dos jornalistas e/ou o respeito por ele?
 (...)
É um cartoon com uma mensagem irónica que recai sobre o tipo de problemas do nosso mundo actual, mas também no tipo de jornalismo temos vindo a assistir nos últimos anos em Portugal. No meio de um cenário de guerra, num ambiente hostil e de terror, onde se observam granadas a voar e sucessivamente e as luzes das suas explosões; pessoas caídas no chão em sangue, feridas ou mortas, não se sabe, uma mãe tenta proteger o seu filho nos seus braços, e o jornalista ao seu lado, tenta interrogar a mulher sobre alguns acontecimentos da altura. É aí que entra a ironia. O repórter pergunta “Qual é a sua opinião sobre a vaga de violência em Paris?”. E depois ainda pergunta “Que pensa da gripe das aves?”. Ora, num autêntico cenário de terror, no meio da guerra, na cidade de Bagdad, são um tanto irónicas as perguntas deste repórter sobre a violência na cidade de Paris. Esta senhora encontra actualmente no meio da guerra de Bagdad e o jornalista ainda lhe vem perguntar o que é que ela acha da violência de Paris. Tem tudo a ver uma coisa com outra (ironicamente, claro) … É uma sátira que se estende em dois sentidos. Primeiro, sobre o tipo de jornalismo que está a ser feito. E segundo, a importância que a nossa actual sociedade dá aos diversos acontecimentos do mundo. Está-se a dar mais importância ao acontecimento de Paris do que de Bagdad. Está a deturpar um pouco a realidade. Está a tomar uma posição de defesa para com a França comparativamente com Bagdad. Até porque quem estava a fazer a guerra eram os Estados Unidos da América, uma potência do mundo, contra ao Iraque, que muito provavelmente só é conhecido devido a esta mesma guerra. Não quero por isto menosprezar a situação da França. É também grave a vaga de violência que se propagou em Paris. No entanto, não morreram tantos quantos morreram em Bagdad, já para não falar na questão económica que levou os EUA a declarar guerra ao Iraque. Devia-se ter noticiado mais a guerra do Iraque contra os EUA do que a questão de Paris; e é esta a ironia deste presente cartoon. Depois, o jornalista ainda pergunta sobre a gripe das aves. Na minha opinião, este acontecimento é um pouco polémico e duvidoso. Há quem diga que foi uma gripe para dinamizar a economia, para fazer as grandes indústrias farmacêuticas ganharem milhões. Sinceramente, nunca me preocupei muito com esta situação da gripe das aves. Há problemas mais preocupantes, mais urgentes e de maior gravidade. E, por último pergunta à senhora “Acha que há razões para nos preocuparmos com o futuro?”. Penso que esta ultima pergunta está bestial. Dentro de um autêntico cenário de guerra e violência, não á melhor pergunta para demonstrar o egocentrismo, o egoísmo e a indiferença do ser humano. O egocentrismo, o egoísmo e a indiferença são aqui mencionados na medida em que os cidadãos dos países desenvolvimentos - e agora não especificamente os jornalistas e repórteres – englobando a sociedade dos países desenvolvidos preocupam-se muito consigo próprios e com os seus problemas que comparativamente com outros, se tornam fúteis. É esta a minha interpretação que faço a neste cartoon. A ironia de tudo isto; dos problemas fúteis que dos países desenvolvidos em comparação com outros problemas de nível humanitário que passam noutros países.
Pergunto a mim próprio agora “Acha que há razões para nos preocuparmos com o futuro?”, e eu respondo: “Acho!”. Mas não por causa da vaga de violência em Paris nem por causa da gripe das aves, nem por causa de muitas outras coisas. É por causa da indiferença que as pessoas têm umas para as outras, o egoísmo. Gastam-se por exemplo milhões e milhões de divisas em investigação e em equipamento espacial. Então e se gastassem esse dinheiro para matar a fome, ou para desenvolver outros países? Primeiro devemos apostar em nós próprios; em crescermos como Homens e carácter. Depois disso, logo se vê onde se irá gastar o dinheiro. Nenhum cidadão deve ser tão opulento de maneira que possa comprar o outro, e o outro não deve ser tão pobre para se deixar comprar por este – seria uma sociedade mais justa e mais igualitária.
Remi Lima (EFA NS)




O que chama a atenção do público é o drama, a guerra e a violência.

Daniela Jesus (EFA PAD2)



Não olham aos meios para atingir os fins e só falam de violência para causar mais sensação.

Elsa Américo (EFA PAD2)



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